Podemos lembrar de detalhes do nosso primeiro dia na escola, ou da primeira vez que andamos de bicicleta, a primeira viagem longa com a família…

Provavelmente porque eventos importantes são sempre lembrados de forma precisa e confiável, certo? Tem certeza disso?

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Embora possamos comparar nossas memórias a uma câmera, preservando cada momento em detalhes perfeitos exatamente como aconteceu, o triste fato é que nossas lembranças são mais como uma colagem, montada às vezes grosseiramente com o ocasional embelezamento ou até mesmo fabricação direta.

Ficou confuso? Calma aí, que você já vai entender.

Pesquisas recentes ajudaram a demonstrar o quão frágil a memória humana pode ser. 

Somos assustadoramente suscetíveis a erros, e sugestões sutis podem desencadear memórias falsas.

Surpreendentemente, pessoas com memórias excepcionais ainda são suscetíveis a inventar coisas sem nem perceber.

Por exemplo, se você tem um irmão mais velho, é provável que ele se lembre de mais coisas da infância de vocês; então, imagine que ele te conte sobre algum brinquedo dele que você tenha quebrado, mas você não se recorda, e ele começa a te dar detalhes de como era o brinquedo e de como você o quebrou; é possível que você comece a se lembrar da situação, mesmo que nada disso seja verdade, simplesmente porque é possível que isso realmente tenha acontecido.

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Memória plantada

Existe um fenômeno conhecido como Efeito Mandela, que é causado quando há uma confusão mental ou uma memória sugestiva, que normalmente afeta vários indivíduos em relação a um mesmo evento. 

Um clássico exemplo disso é que muita gente acredita que o Plantão da Globo interrompeu um episódio de Dragon Ball Z, em que Goku se transforma no Super Saiyajin 3, para noticiar o atentado às Torres Gêmeas em 2001.

Acontece que o episódio em questão nem sequer foi ao ar naquele dia, mas por causa de uma montagem que circulou na internet por anos, muitas pessoas têm a nítida lembrança de ter visto essa interrupção que nunca aconteceu.

Percepção imprecisa

A percepção humana não é perfeita. Às vezes vemos coisas que não estão lá e perdemos coisas óbvias que estão bem na nossa frente. 

Em muitos casos, as memórias falsas se formam porque a informação não está codificada corretamente em primeiro lugar. 

Por exemplo, uma pessoa pode testemunhar um acidente, mas não ter uma visão clara de tudo o que aconteceu.

Recontar os eventos que ocorreram pode ser difícil ou mesmo impossível, já que ela não testemunhou todos os detalhes. 

Então, a sua mente preenche as “lacunas” formando memórias que na verdade não ocorreram.

Isso acontece também quando uma pessoa te fala uma coisa que aconteceu com ela, e quando você vai contar pra alguém, você esquece algumas partes da informação e, sem querer, acaba inventando detalhes que nem sequer aconteceram.

Emoção

Se você já tentou lembrar os detalhes de um evento emocionalmente carregado (por exemplo, uma discussão, um acidente, uma emergência médica), provavelmente percebeu que as emoções podem causar estragos em sua memória.

Pesquisadores descobriram que as pessoas tendem a ser mais propensas a se lembrar de eventos ligados a emoções fortes, mas que os detalhes de tal acontecimento são muitas vezes equivocados ou não confiáveis.

Erro de atribuição

Você já misturou os detalhes de uma história com os de outra? Por exemplo, ao contar a um amigo sobre suas últimas férias, você pode relatar erroneamente um incidente que aconteceu em férias que você tirou há vários anos.

Isso pode envolver a combinação de elementos de diferentes eventos em uma história coesa, não lembrar de onde você obteve uma determinada informação ou até mesmo relembrar eventos imaginados de sua infância e acreditar que eles são reais.

Isso porque ao formar uma memória, nem sempre nos concentramos nos detalhes minuciosos e, em vez disso, lembramos de uma impressão geral do que aconteceu.

Todo mundo pode ter

Embora os pesquisadores ainda estejam aprendendo mais sobre os mecanismos por trás de como as falsas memórias se formam, está claro que é algo que pode acontecer com praticamente qualquer pessoa.

Você pode fazer o teste com a sua família ou amigos, conversando sobre coisas que aconteceram há muitos anos, e você vai ver que alguém vai se recordar do mesmo evento de forma diferente, talvez com mais detalhes, ou até mesmo de algo que nem estavam presente.

Essas descobertas sobre as memórias falsas nos ajudam a entender, por exemplo, situações de pessoas que se lembram de coisas que são fisicamente ou biologicamente impossíveis.

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